Quem me conhece, sabe de minha paixão pelo Michael Jackson. Quem ainda não me conhece, e acha que meu nome é Robbie Jacks por acaso, senta aí que eu tenho uma vida pra te contar.
Minha história com Michael Jackson começou dentro da barriga da minha mãe. No ano que nasci, ele lançou o melhor álbum de todos os tempos, e certamente o maior de sua carreira. Nascemos, Thriller e eu, juntos, e nunca mais nos separamos desde então.
O disco de minha mãe, que tanto surrupiei para babar sobre o encarte |
Uma das minhas primeiras lembranças minhas mesmo, daquelas que ninguém me contou, é de sentir muito, muito medo. Não do Michael em si, mas do clipe de Thriller. É que nele havia uma morta-viva que eu achava parecidíssima com a minha recém-falecida avó, e aquilo me dava pesadelos. Minha mãe e meu irmão mais velho achavam aquilo hilário, óbvio, e colocavam a faixa para tocar. Daí eles fingiam terem se tornado zumbis e vinham para cima de mim na batida da música, com olhos esbugalhados e braços esticados. Eu corria para debaixo da cama e gritava a plenos pulmões, só para vê-los se escangalharem de rir. Parece cruel, e devia ser mesmo, mas isso só aumentou meu fascínio.
Não bastava ser minha mãe, tinha que me ajudar a traduzir letras de música |
Assim como o Michael teve muitas fases, eu também tive. Quando criança, o via como um anjo perfeito, de voz doce e poderosa, e meu primeiro professor. Me debruçava sobre o encarte de Thriller para admirar cada centímetro do pôster e, principalmente, analisar as letras. Eu ficava horas, dias inteiros perdida naquelas letras, usando um dicionário para traduzir aquele mundo inteiro de palavras que ele cantava tão melodiosamente. "Mãe, o que é doggone?", "Beat It quer dizer 'bata nisto?'", " Por que ele diz que a gente é um vegetal?". As perguntas eram intermináveis, e o tamanho da paciência da minha mãe não era proporcional ao meu volume de dúvidas. Eu queria ser como ele, falar como ele, cantar como ele. Queria saber por que ele havia escolhido aquela palavra, aquela entonação. Voltava a agulha do disco várias e várias vezes para imitar a pronúncia, os falsetes, até a respiração. Ouvia os discos embaixo da cama, com o cobertor na cabeça, improvisando uma acústica para poder sentir cada vibração.
Quando a puberdade deu seus primeiros indícios, Michael passou de meu pai para primeiro amor. Daqueles amores bobinhos, é claro, do tipo que você acha que ele vai te comprar um sorvete, dar uma volta em Neverland e jogar videogames até o dia raiar. Mas ele era meu crush real e oficial. Foi nessa época, com 12, 13 anos, que passei a colecionar materiais sobre ele, que vou mostrar em outro post. Aqui, a imagem dele era tudo pra mim. Fiquei fascinada por seus movimentos, corpo, rosto, cabelos, e sua voz agora me fazia imaginar como seria o amor, como seria estar com alguém que me fizesse sentir tudo o que suas canções prometiam.
Meu fascínio era tanto que eu anotava absolutamente tudo sobre Michael Jackson |
Foi uma fase muito gostosa. Me lembro de escrever uma carta para ele. Queria ser romântica, mas tinha noção de 1- eu era muito jovem pra ele e 2- minha mãe ia ler a carta porque eu precisava que ela corrigisse meu inglês. Então, me contentei em dizer que era brasileira, fã desde pequena, e que ele havia tocado a minha vida de uma maneira que nenhuma outra pessoa jamais havia tocado. Tirando a minha mãe, ele era a pessoa mais importante da minha vida. Nem meu pai entrava nessa lista, porque eu não era muito fã de papai, o Mr. Jacks. Para mim, ele era igual ao Joseph: muito rígido e nem um pouco carinhoso. Cheguei a mandar a carta, mas, claro, nunca tive resposta.
Mesmo sem notícias, meu amor pelo Michael era público e notório, e contagiava quem entrasse em contato comigo. Lembro como se fosse hoje das coisas que eu fazia para poder matar essa sede de Michael. Como aqui em casa não tínhamos dinheiro sobrando, só fui ter videocassete já na adolescência. Minha vizinha do primeiro andar, a Christianne, que era melhor amiga na época, era uma das únicas que tinha o aparelho.
Dangerous foi o primeiro show do Michael que vi, e foi amor instantâneo |
Um dia, a Globo exibiu um show da turnê Dangerous em sua programação, e minha amiga gravou. Quando eu soube da notícia, coitada da Chris, nunca mais teve paz. Minha missão de vida era assistir àquela fita, e me lembro de pedir, implorar, fazer barganhas para que me deixasse assistir. Ela também gostava de Michael, e passávamos horas pausando e voltando a fita, para não perder nenhum detalhe. Hoje em dia vejo os shows cheios de bailarinos, cenários e efeitos especiais e acho até engraçado como que o MJ conseguia preencher aquele palco preto enorme só com a sua presença.
O primeiro CD que comprei na vida |
Lembro também de quando o CD começou a se popularizar. Minha família, novamente, demorou para comprar o primeiro player, mas eu já tinha comprado meu primeiro CD: Michael Jackson- Minha História Internacional, que vinha com alguns sucessos da época dos Jackson 5. Novamente, quem me salvou foi a Chris, que me emprestou seu minisystem para que eu pudesse passar as músicas para uma fita.
Tenho muito carinho por essas primeiras memórias. O dinheiro era curto, mas o amor, infinito. Eu costumava me achar a pessoa mais sem sorte do mundo por não ter nascido nos EUA, nunca ter visto um show do Michael ao vivo, mas ele me trouxe tanta coisa que é até injusto que eu pense assim. Este é o primeiro de uma série de posts para celebrar a vida desse artista completo, meu rei, Michael Jackson.
Agora você entende por que meu nome é Robbie Jacks? ;)
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