Robbie Jacks




Existem certas Coisas
As quais não podemos ver
Eu gostaria de dizer para elas
Que eu as sinto.

E talvez as sinta mais
Por não poder vê-las
Elas me metem mais medo
Pois só posso imaginá-las.
Nem a grandeza
Nem a simplicidade:
Seu tamanho, cor, forma,
Cheiro, textura, periculosidade
São criados pela minha própria mente
Tudo fica escuro de repente
E não vejo nada
Além de meus próprios fantasmas.

Será que é assim com todo mundo?
Você tem medo do que não pode ver?
Você quer ver o que não deveria ver?
E, se vê, desejou nunca ter visto?

Às Coisas Que Não Posso Ver
Mando um breve aviso
Vocês são piores do que imagino, eu sei
É sempre assim, eu sei que são
Portanto, fiquem escondidas
Não quero saber de vocês
E quero menos ainda que saibam de mim

Ouvi dizer
Que o essencial é invisível aos olhos
Mas não deveria jamais ser.
Pois os olhos que de fato enxergam a essência
São sensíveis demais
Descobrem detalhes ínfimos
Magoam-se com a mais leve vibração contrária
Ferem-se com a mais sutil das insinuações
Completam o quadro com férteis delírios
Conjuram meu pior pesadelo.

E tudo aquilo que você não deveria ver
Ele inventa
Em tudo aquilo que você não deveria sentir
Ele te sufoca
Mesmo que os olhos estejam vendados
Mesmo que o corpo esteja cansado
Eu vejo,
Sinto,
Invento,
Dói.
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