Harry, muito ferido pra se levantar, abriu lentamente os olhos, e aos poucos foi distinguindo as figuras embaçadas à sua volta. O Sol, após um longo período escondido sob densas nuvens cinzentas, finalmente lançava seus primeiros raios, acariciando seu rosto quase frio. Todos estavam apreensivos. Ron beijou a testa de Hermione, que chorava baixinho, e se abraçaram longa e calorosamente. Hagrid assoava vigorosamente o nariz nas penas de Bicudo, enquanto McGonagall acalmava os membros mais novos da Ordem, ainda em choque pela sangrenta batalha. Madame Pomfrey se ajoelhou ao lado de Harry, e verificou, amargurada, a gravidade dos ferimentos do menino. Harry não sentia dor; sentia alívio.Um novo capítulo no mundo bruxo estava começando ali, e todos sabiam disso. Harry apreciava a cena, a vida que recuperava o fôlego à sua volta. Abriu um leve sorriso.Todos estavam bem.
Snape, também ferido, ainda segurava a sua mão. Harry quis lhe pedir desculpas, dizer que, sem sua ajuda, Voldemort e seus súditos reinariam,mas não conseguia falar. Seus olhares se cruzaram. Snape apertou sua mão um pouco mais forte, e ambos entenderam.
Harry fitou o Lago Negro, onde as criaturas sobreviventes murmuravam ,num misto de lamúria e consolo,e então ele viu. Dumbledore, com sua capa brilhante e seu chapéu pontudo, sorria para ele. Seus pais e Sirius também estavam lá, e o chamavam. Ainda com um fraco sorriso nos lábios, Harry soltou um longo suspiro e fechou os olhos.