Que dificuldade que tenho, isso de começar pelo começo...
Começo pelo fim, então. Já virou especialidade da casa. Acordei com olhos novos, talvez olhos tristes. Não, tristes não, céticos, decepcionados. É isso!
Quando olham para trás, vêem o dia de Sol desperdiçado, o encontro com os amigos cancelado, o silêncio perdido. Se arrependem do que enxergam.
Esses olhos foram desnudados, invadidos, apossados por um passante. Um farsante? Definitivamente. Talvez tratante.
Os olhos foram consentidamente tomados por quem nunca desejou ver o mundo através deles, tampouco desvendar os mistérios por trás dos círculos cor-de-mel. Junto com o lacre, foi-se qualquer sombra de brilho. Anoiteceram.
De perto, o mundo é mundano. E sujo. E carne. E estranho. E oco. E eu.
Quem olha, e evita enxergar,
só vê o óbvio. E acho que o código é esse mesmo, como um robô que executa tarefas: abre aqui, fecha aqui. Põe aqui, tira aqui, entra aqui, desce ali. Automatizado, mecânico. Sem sobras nem porquês.
Parar e olhar nos olhos exige muita confiança, anunciam a intimidade, deixa escapar muito de si. Bobo são os olhos que perdem a profundidade. Vivem em 1D.
Você já não é mais aquela pessoa bacana, que estava sempre lá, com uma palavra amiga.
Nem eu.