E quando você está pensando na pessoa, e a pessoa está pensando em você, mas falta coragem para se aproximar? Não, coragem não é a palavra certa, nunca nos faltou determinação. O que falta para este recomeço é o fim da etapa prévia, falta jeito, falta o chão à frente. O que fazer com todos os planos construídos, todas as promessas, toda a vida que se delineou à caneta? Não, o tempo não é certo.
Mas aí eu me pergunto: e quando será? Seria o tempo que já foi e perdemos? Pois parece que os dias que virão não resolverão a questão. Os novelos tendem a se embolar cada vez mais ao passo que o gato (porque a vida é um bichano, que se alimenta de você e vai embora, ronronando sonsamente) brinca com as frágeis estruturas que você chama de porto seguro. E um dia, como um marionete descontrolado, os fios que te sustentam caem. Por força do “destino”, esse mal amado.
Não gosto de deixar minha vida na mão do acaso. Quem me conhece, sabe. Gostaria de brincar de destino e ser dona da minha própria sorte de vez em quando. Quem disse que há tempo certo e tempo errado para ser o que se quer, fazer o que se quer? Estou cansada de esperar por Deus (desculpai!). Ou pelo acaso. Ou pela sorte. Ou pela vida. Não espere até que seja tarde demais. E, se for tarde demais, mas ainda houver esperança, corra atrás do tempo perdido. Mesmo que não haja vista à frente, mesmo que haja bagagem, mesmo que objetos e sentimentos tenham se espalhado pelo caminho. Talvez o tempo não seja tão calhorda assim.