O bar estava cheio, e isso a estava incomodando. Mesmo assim, pediu mais uma dose.
O bar estava cheio, e isso a estava incomodando. Mesmo assim, pediu mais uma dose.
Agora, saia você da minha mente, viu?
Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão. Com tantos sentimentos arrumados cuidadosamente na prateleira de cima, tinha de ser justo amor, meu Deus?
Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Dilacerando felicidades de mentira, desconstruindo tudo o que planejei, Abrindo todas as janelas para um mundo deserto.
É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias.
É agora que quero dividir maçãs, achar o fim do arco-íris, pisar sobre estrelas e acordar serena.
É para já que preciso contar as descobertas, alisar seu peito, preparar uma massa, sentir seus cílios.
“Claro, o dia de amanhã cuidará do dia de amanhã e tudo chegará no tempo exato. Mas e o dia de hoje?” Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar.
Não negue, apareça. Seja forte.
Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto.
Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, Sem cobertas, sem sentido, sem passados.
É preciso que você venha nesse exato momento.
Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha.
Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates…
Apague minhas interrogações.
Por que estamos tão perto e tão longe?
Quero acabar com as leis da física, dois corpos ocuparem o mesmo lugar!
Não nego. Tenho um grande medo de ser sozinha.
Não sou pedaço. Mas não me basto.
- Caio Fernando Abreu
—Amor, compra uma água pra mim?
A viagem não havia sido das melhores. Cansado, nem percebeu a parada no posto de conveniência, onde as castanhas mais carameladas que já comera repousavam em seu jarro, à espera de clientes ávidos como ele.
A volta àquele lugar era doce e amarga. Durante todo o tempo que esteve fora, desejou correr aquela estrada, parar naquele posto, chegar naquele paraíso. Mas algo estava fora de ordem.
—Nossa, que dia lindo, amor, vem ver!! Vamos pra praia logo, antes que o mundo acorde!
O lugar realmente era de uma beleza indescritível. Só agora, no entanto, podia ver com nitidez full HD todos os tons que pintavam a paisagem: do verde-azul que fundiam céu e mar ao vermelho-vivo das esculturas de barro enfileiradas na areia, que agradeciam o bom tempo para enfeitiçar os turistas.
Da outra vez que respirou esse ar, era tudo tão monótono, tão cinza, que ele se sentiu rejeitado. "Não se atreva a voltar aqui!", urravam as rajadas de vento e chuva que pareciam querer expulsá-lo dali. Mas, com a fé inabalada pela má recepção, decidiu voltar no ano seguinte. E o tempo bom o acolheu. Foi amor à segunda vista.
Mas nem tudo estava perfeito.
—Amor, cê conhece sorvete de cupuaçu? É uma delícia!
Sim, ele conhece. Aliás, ele já foi apresentado a quase tudo. Com bom ou mau tempo, já havia estado ali antes e, chegou à conclusão, havia sido perfeito. Da outra vez, o tempo estava péssimo, a comida fez mal, e o serviço de quarto era de uma incompetência ímpar mas, mesmo assim, não podia ignorar o sentimento. Mesmo com sol, mar e macaquinhos dançando alegremente, a peça que lhe faltava hoje havia estado lá anteriormente. E havia sido perfeito.
Esse era um erro que estava constantemente cometendo. Ele queria acertar, ou melhor, queria que as coisas fossem acertadas por ele. Por isso, tentou substituir a peça ideal por outra menos complexa em todos os quebra-cabeças de sua vida. Como um designer indeciso, testou seu manequim de papelão em diversos cenários. Posicionou-a ao lado de seus amigos na mesa do bar. Abraçou-a elegantemente na foto para a mãe. Ajeitou-a com esmero embaixo de suas cobertas. Não encaixou.
Por último, como se desse de ombros para os sinais, levou seu pôster em tamanho real para o cenário onde sua procura outrora havia terminado. O lugar onde descobriu exatamente por que dizem que viver não tem sentido se as experiências não puderem ser partilhadas com outra pessoa. O lugar onde ouviu que Ela o esperaria o tempo que fosse, desde que pudessem ficar juntos novamente. O lugar onde ele ficou de buscá-la.
Demorou-se longamente, ponderando se valia a pena. Olhou para a direita, olhou para a esquerda, pensou em recuar e lhe sussurraram que deveria ficar parado. Mas ele não deu ouvidos. E ali, naquele lugar que a ninguém mais pertencia além deles, tomou o rosto da outra, da Srta. Genérica, e a beijou. O céu não estremeceu, ninguém o castigou. Mas o que era esperança, virou pó. E o sagrado virou profano.
Hoje ele exibe, para quem quiser ver, a captura daquele momento, a prova irrefutável dos beijos partilhados e do momento dividido com a pessoa errada, com seu esboço de mulher. Dois pedaços de quebra-cabeças diferentes, juntos, formando uma figura pitoresca, grosseira. Mesmo lugar, mesma pose, mesmo sorriso. Só que com outra. Profano.
Dia desses, em debate com a dona de outro coração que passa pelas mesmas agruras que o meu, fui alertada para um fato surpreendente: em qualquer situação da vida, sempre há mais de uma opção.
Enquanto conversávamos sobre a dor que o silêncio causa, ela me propôs a seguinte lógica matemática: Se SILÊNCIO = DOR, logo, CONTRÁRIO DO SILÊNCIO = NÃO-DOR. Fiquei estupefata com tamanha simplicidade. Nunca fui boa de matemática, mas essa equivalência TINHA que estar certa.
Foi então que, agarrada na fé do resultado de nossas contas, peguei o telefone e disquei...
Gente, que burrada! A voz que me atendeu era a dele, sem dúvida, mas estava tão seca e fria que até meu coração congelou. Essa voz em nada lembrava a do meu amor, que sempre me atendia com carinho, e me fazia sentir única no mundo. Como as coisas mudam, eu não entendo.
"E o que você esperava, Mariquinha?", me perguntarão os desprovidos de emoção, os céticos e os ateus. Sinceramente? Eu esperava TUDO. Esperava que o tempo tivesse cicatrizado a dor, e não apagado de vez o sentimento. Esperava que a felicidade, já que não bateu à minha porta, estivesse, pelo menos, a um telefonema de distância. Esperava que fosse ser fácil. Esperava que ele estivesse me esperando.
Mas agora, com a certeza de que tudo o que eu NÃO esperava foi o que justamente aconteceu, descobri que talvez fosse melhor eu não ter descoberto nada. Descobri também que o fundo do poço tem um ralo e, quando coisas muito ruins acontecem uma atrás da outra, a gente murcha tanto que fica pequenininho e acaba escoando por ali. E eu fui parar no fundo do ralo do fundo do poço.
E naquela escuridão, tive a grande infelicidade de constatar que o contrário da dor não é a "não-dor". O contrário da dor é uma dor tão grande que chega a dar saudades da dor que havia antes. Já me falaram que a ignorância é uma dádiva. Pena que eu não levei fé.
Covarde.
Não há nada pior do que acordar e descobrir que a sua vida mudou. E que você não teve parte ativa nisso.
As mudanças mais intensas acontecem assim, não? Você está lá, tomando seu Nescau de manhã, com o olho ainda cheio de remela e, de repente, uma Grande Mudança arromba a porta da sua casa e te toma de assalto. Dá até para ouvir a onomatopéia.
Covarde e mentiroso.
Tudo o que você era, ou melhor, que o mundo achava que você era, destruído por uma atitude impulsiva e infantil. Onde estão as estrelas nos olhos? Morreram afogadas no mar da indiferença? Ou caíram no buraco-negro da falsidade, e saíram do outro lado, para formar uma nova constelação?
Covarde, mentiroso e sádico.
Não vou satisfazer seu ego ordinário com ilustrações de minha mente altamente fecunda e traiçoeira. Me recuso a pensar em você, exceto neste minuto em que escrevo este texto. Todos os outros serão dedicados à minha pessoa, e meu prazer. Mas não fique triste: a não-reação também é uma reação. Pegou a pipoca? Está pronto para o espetáculo? Desculpe, não tem função hoje. Que te baste isto que faço agora: a formalização de meu choque.
O que as palavras não conseguirão jamais colorir, no entanto, é a dimensão da decepção. Para quem sustenta ilusões, a verdade pode atingir como o impacto de um trem que viaja a toda força. Ironicamente, o fim de qualquer esperança de reconciliação é, de certa forma, reconfortante. Porque o fim de uma coisa sempre representa o começo de outra. E eu, como gentil refém deste loop, me sinto de volta ao meu aconchego. Recomeço.
Covarde, mentiroso, sádico e babaca.
É consenso geral, atestado pelos melhores institutos de pesquisa, que sua popularidade caiu entre meu povo. Que venham os chavões, aos borbotões. Conheço-os pelo nome, e enumero-os antes de completar a chamada.
Não era para ser? Perdi meu tempo achando que fosse.
Vou arrumar outro melhor? Bom, pior do que estava não dá para ficar.
Ele não me merece? Hell, no!
Foi melhor assim? Eu sei lá.
Recomeçar. Ontem eu dizia "ainda não". Preferi curtir o fim. Perdi uns bons dias lamentando o ciclo fechado, em luto pelo relacionamento morto. Agora, reaprendo a engatinhar, ainda sem a tal vantagem que os 28 anos de batalha supostamente outorgam aos sobreviventes das intempéries amorosas.
E assim vamos nós, eu e sina que o nome deste blog me faz carregar. E quer saber? Nem está doendo tanto assim.
- Fazer programas legais com regularidade
- De vez em quando esquecer das calorias e se jogar numa cebola do Outback
- Rir das minhas piadas (com sinceridade, please!) e me fazer rir também
- Ligar uma para a outra para contar as novidades, desabafar, chorar, ou só para jogar papo fora
- Concordar quando eu digo que o Michael Jackson está vivo e que o Alejandro Sanz é lindo
- Ser uma amiga sincera, interessada, que genuinamente se importe com os outros e demonstre isso
- Companheirismo- para segurar a barra da melhor amiga nos momentos difíceis
- Bom humor- porque eu não preciso de amigos emo
- Reciprocidade- INDISPENSÁVEL para qualquer um que se diga bom amigo
- Disponibilidade - amigos que nunca tem tempo para o outro não são amigos: há uma carga horária mínima que deve ser cumprida
- Sinceridade- porque quem se cerca de sorrisos falsos vive numa prisão de dentes amarelos
- Caráter- mais do que sincero, o cargo pede uma pessoa justa, que não seja filha do Harvey e, sendo assim, tenha apenas 1 "cara"